Instituto CNA realiza workshop para discutir regulação da IA no agro

Evento buscou capacitar assessores parlamentares sobre o tema
Brasília (06/06/2025) - O Instituto CNA, realizou nesta quinta (05), o "Workshop Inteligência Artificial no Agro", promovido pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS Rio) e pela Associação Brasileira de Inteligência Artificial (ABRIA). O evento aconteceu no HUB CNA.
O encontro teve como foco principal capacitar assessores parlamentares para compreender os impactos do Projeto de Lei (PL) 2.338/2023, que trata da regulamentação da inteligência artificial (IA) no Brasil e está em debate no Congresso Nacional.
O evento contou com especialistas em direito digital, representantes do setor agropecuário e demonstrações práticas de tecnologias desenvolvidas no Brasil com aplicação direta no campo.
O objetivo foi ampliar a compreensão sobre como a IA pode impulsionar a inovação agrícola de forma segura, responsável e alinhada às realidades do setor.
O diretor executivo adjunto do Instituto CNA, Matheus Ferreira, destacou a importância de discutir a regulação da IA sob múltiplos ângulos.

“A ideia foi trazer a discussão do tema sob os panoramas de proteção e impactos que podem atingir a sociedade, além de não permitir que essa regulação traga atraso para evolução do uso da IA no agro”, disse.
A coordenadora de inovação do HUB CNA, Danielle Leonel, reforçou o papel do espaço como ponto de encontro estratégico para debates sobre o futuro do agronegócio.

“O HUB CNA confirma seu papel como o local ideal para discutir o futuro do agronegócio. Reunir pessoas da área política com especialistas para debater IA e legislação cria as condições ideais para uma regulamentação que realmente dialogue com a realidade do setor”, afirmou.
Uma das empresas participantes foi a Solinftec, que desenvolve soluções com IA aplicadas ao campo. Natália Machado, desenvolvedora de Negócios Globais da empresa, apresentou o ecossistema tecnológico que conecta diferentes máquinas agrícolas.
A empresa utiliza computadores de bordo para análise de dados em tempo real, incluindo informações meteorológicas e de manejo integrado de pragas.
Natália chamou atenção para a preocupação com o uso de dados no campo. “Quanto ao PL 2.338, os dados coletados do campo precisarão ser autorizados, pelos proprietários das terras, para treinar a IA, o que pode atrapalhar a competitividade na criação de tecnologia com outros países”, ressaltou.

Celina Bottino, diretora de projetos do ITS, destacou a importância da inovação aberta no setor. Sérgio Branco, diretor do ITS e especialista em direitos autorais, tratou dos impactos da IA nesse campo específico, tema cada vez mais relevante diante da criação de conteúdos por sistemas automatizados.

Fabro Steibel, gerente executivo do ITS, abordou a estrutura do PL 2338/2023 e explicou os princípios de uma regulação baseada em riscos. Segundo ele, o agro não foi contemplado nas fases iniciais de elaboração do texto.

“O PL tem uma estrutura guarda-chuva e foca nas big techs, o que pode gerar efeitos colaterais indesejados como concentração de mercado, enfraquecimento da indústria nacional e barreiras ao desenvolvimento”.
Já Verônica, advogada especializada em direito digital, privacidade e proteção de dados, alertou sobre o risco de uma legislação excessivamente restritiva. “Leis com alta carga regulatória e grandes obrigações atrapalham pequenas empresas e startups, além de comprometer a atuação de empresas parceiras”, explicou.
